Roommate - Capítulo 11

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Depois de jantarmos, os meninos da banda ficaram um pouco conosco e logo saíram. Foi bem divertido estar com todos de novo.

Fui pro meu quarto para ter,inçar de fazer uns trabalhos da faculdade, enquanto Noah disse que ficaria na sala, assistindo à
alguns episódios de uma série.

Acabei pegando no sono e dormindo em cima da escrivaninha, no meio da papelada do escritório e da faculdade. Acordei
incomodada porque estava suada e morrendo de calor. Olhei em volta, tentando me situar.

3 da manhã de quinta-feira. Notificação no celular dizendo que tem uma tempestade vindo. Meu celular estava na tomada,
carregando, antes deu dormir. Percebi que não estava mais com o ícone de "carregando". Meu coração deu uma muni acelerada.
Jesus, se meu carregador estiver pifado...a morte doeria menos.

Fiz uns ajustes nele e no cabo, e nada. Tinha algo de errado. Estava tudo escuro... Eu não estava estudando de luz acessa?

Noah deve ter desligado, ao me ver dormindo no quarto.

Então, me levantei e fui acender a luz do quarto, pra que pudesse entender melhor o que estava rolando.

Mas a luz não acendia.

Agora entendi o que tava rolando.

Fui até a sala, tudo escuro, mas conseguia ver a silhueta de um Noah sentado no sofá, sem camisa, coçando a cabeça.

- Noah? - perguntei, indo em direção à janela da sala para poder abrir e ver se entrava alguma corrente de ar.

- Oi. - respondeu com uma voz rouca. - tudo bem?

Uma brisa da madrugada entrou na sala, e eu e Noah suspiramos aliviados. Tinha ficado bem quente ali por questão de
minutos.

- acho que a luz acabou. Costuma acontecer isso?

- quando está previsto temporal, sim. Você viu algo sobre? - ele se levantou e veio pra perto de mim, na cozinha, abrindo a
geladeira.

- aham. No meu celular tem um alerta. - ah. O meu descarregou. - ele pegou a garrafa de vinho, abriu e
começou a se servir. - quer um pouco?

Assenti com a cabeça, de forma positiva.

- é o que temos pro momento. - disse eu, segurando uma taça enquanto ele me servia.

- ficar sem luz me lembra bons momentos quando eu era pequeno. - disse ele, se sentando em frente à mim.

- é? Tipo quais? - apoiei um braço no balcão da cozinha, segurando minha cabeça, interessada.

- aonde eu morava a gente não tinha....

E então Noah começou a contar várias histórias sobre a família dele e da casa do interior que eles moravam, que ficava em Cape
May, interior daqui de Nova Jersey. Contou sobre quando acabava a luz eles tinham o costume de se reunir, na sala, e contar histórias. Fossem do passado, de mentirinha.

Em um momento notei que ele falou sobre ter uma irmã. Curiosa, perguntei:

- você tem uma irma?

Notei Noah ficar tenso e abaixar a cabeça, visivelmente arrependido por ter deixado escapar.

- deixa pra lá. Não precisa falar sobre isso. - Noah logo mudou sua postura, parecendo mais aliviado agora. - famílias são
complicadas. Eu estou morando com você, justamente por causa disso.

- as coisas são mais que complicadas lá em casa. Como eu te disse, eu assumi a empresa do meu pai por conta da idade dele.
Mas ainda sim, ele me cobra muito. Ele não largou "o osso", entende? Ele está por trás de tudo ainda e quer relatórios o tempo
inteiro, quer mandar... Sendo que não fui eu quem quis assumir a empresa. Ele me pediu. Minha mãe basicamente me implorou. Eles sabiam do meu conhecimento e preferencia quando os assuntos eram investimentos, administração. Eu, na época, quis ajudar. Fiquei tocado. Mas tem sido um inferno desde então. É estressante.

- você assumiu a empresa há quanto tempo?

- há pouco mais de um ano. - disse, bebendo um gole da sua taça. - e desde o começo ele está lá, me atazanando. - forçou um
riso.

- se você não tivesse fazendo isso, o que estaria fazendo?

- comandando minha própria empresa. - deu de ombros, - ou a empresa de alguém. Que me deixasse estar no comando, de
verdade.

- e porque você não mora mais com eles?

E ele fez a mesma cara que fez quando falamos sobre sua irmã. Deu pra perceber que os assuntos estavam conectados. Parei, de novo.

- certo. Tudo bem. Eu preciso dormir. Você também. - disse eu, descendo do banco da cozinha. - já passa das 3.
Noah arregalou os olhos, surpreso. Também não imaginava que tínhamos conversado por tanto tempo.

Ajudei ele a guardar o vinho e alguns petiscos que tínhamos pegado na geladeira, lavamos as taças e antes de cada um ir pro
seu quarto, no corredor, ele disse:

- Alice.

Me virei, esperando.

- Tinha um tempo em que eu não conversava dessa forma, tão honesta e sincera com alguém. Que alguém não me ouvia, de
verdade, pelo menos, obrigado.

Apenas assenti, sorrindo.

Entrei no meu quarto com aquela imagem do sorriso de Noah na minha cabeça.

No dia seguinte, acordamos super atrasados. E era uma quinta- feira. De aula normal. Trabalho normal. Tudo normal.

Preparei um café rápido para Noah levar pro trabalho e saí na rua comendo meu sanduíche, mesmo. Estava caindo uma
tempestade terrível. Cheguei na faculdade ensopada.

- você veio por baixo das poças, foi?

- engraçadinha. - eu ri, forçadamente, para Jess, tentando me secar no banheiro.

Assim que cheguei, a chamei pra que viesse me socorrer. Eu estava muito molhada.

- por que se atrasou dessa forma? Você nunca se atrasa. - ela me lançou um olhar inquisidor.

Demorei pra responder.

Ela logo entendeu.

- ah. - botou a mão na boca, surpresa.

- não aconteceu nada. Só acordei de madrugada, sem luz... ele também.... dividimos um vinho e conversamos. Só isso.

- aí, aí, aí, Alice. Isso não vai prestar.

Dessa vez, não refutei as palavras de Jess.

O que a fez ficar mais chocada ainda.

E pra minha surpresa, eu também.


Por conta da tempestade, tudo foi fechado e/ou mandado fechar.

Cheguei em casa, junto com Noah. Nos encontramos na porta do prédio, ensopados.

Olhei pra cara dele, rindo.

- quando você acha que acordar um dia atrasado não pode piorar.... uma chuva dessas cai.

- e piora seu dia todo. - eu completei, dizendo.

Noah fez sinal pra que eu passasse na frente dele e entrasse no prédio. Assim eu fiz.

No elevador, ele perguntou:

- sabe se tem algo pra gente jantar?

- tem uns legumes na geladeira. - fiz uma cara feia, enquanto tentava fechar meu guarda chuva. Consegui comprar um no meio
do caminho pra casa.

- vamos pedir algo. O que você gosta de comer?

- tudo, basicamente. - eu disse, entrando em casa com ele.
Noah riu.

- pode ser comida japonesa? - meu coração acelerou quando ele perguntou.

Além de ser bonito, inteligente, educado... ainda come comida japonesa?

Eu estou definitivamente ferrada.

Pedimos comida e comemos juntos na sala. Conversamos sobre o quanto o dia foi corrido e, em um momento distraído, apoiei
minha cabeça no ombro de Noah. Estávamos descansando do almoço, assistindo a uma série na TV.

Eu estava me sentindo tão confortável, tão em casa, que achei o ato mais natural possível. Ainda bem que Noah pareceu achar
também, já que apoiou sua mão/antebraço em minha coxa.

Mas não pareceu algo natural pra mim: me causou uma adrenalina bizarra no corpo todo. Eu queria seu toque.

Entao, em um ato repentino de coragem, levantei a cabeça e olhei pra Noah. Ele pareceu perceber o que está a acontecendo ali.

Olhou pra mim na hora. Levou sua mão até meu rosto, aproximando nossos lábios e finalmente colou eles dois.

O que começou com um beijo rápido, se prolongou para duas línguas dançando juntas, numa sintonia e ritmo perfeito. Levei,
também, minhas mãos até sua nuca. Era tão bom sentir seu cheiro tão de perto, sentir a descarga elétrica que percorria pelo meu corpo enquanto nos beijávamos... era tudo perfeito. Tudo parecia perfeito.

Fomos diminuindo nosso beijo com vários beijos curtinhos, a sensação que eu tive naquele momento foi a de que não queria
que acabasse nunca aquele momento.

Noah se afastou de mim, parecia confuso, perdido.

Não o culpo.

Eu também estava.

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