Segunda depois do almoço, Alex me mandou uma mensagem
perguntando se podíamos nos encontrar, pra conversarmos.
Eu sentia que algo bom não vinha, sentia como se cada celula
de meu corpo tivesse dizendo isso pra mim, tivesse tentando me avisar.
Avisei-o que saía do estágio as 17h e que depois o
encontraria em sua casa.
Assim o fiz.
Toquei sua campainha tremendo. Não estava me sentindo nada
bem –nem emocionalmente, nem fisicamente-.
-Oi. –Falei assim que ele abriu a porta pra mim.
Ele parecia que não dormia há meses, estava acabado; com
duas bolsas enormes embaixo de seus olhos e o cabelo todo bagunçado, só de
pijama –e eram 17h da tarde-.
-Bem, entre. –Ele falou monótono.
-E então? –Falei, sentando-me em seu sofá, virada pra ele.
-Recebi uma ligação hoje de manhã da empresa que me ofereceu
o estágio e me ofereceram um emprego.
-Caramba. –Ergui a sobrancelha, surpresa. –Isso é bom, né?
–Mas eu sabia que não era, pra ele estar assim, não era nada bom.
-Em Manhattan.
Manhattan ficava a 40 minutos dali. Ele provavelmente teria
que arrumar um lugar pra morar, porque ir e voltar todo dia, não daria certo,
além dele gastar muito dinheiro de gasolina.
-Ah. –Respondi-o, sem certeza do que dizer. –Voce vai?
-Eu preciso, né? O dinheiro do estágio é pouco pra manter
essa casa, cuidar do Herus e manter o carro e minha mãe.. minha mãe não pode
ficar me ajudando, ela tem que ajudar meu pai.
Infelizmente.
-É.
-É só isso que você tem pra me dizer, Isabella? –Ele me
olhou com raiva.
-O que você quer que eu diga, Alex? Te peça pra ficar? Voce
não vai ficar. Você precisa ir, é o melhor pra você e você sabe disso.
-Sendo assim.. É melhor a gente dar um tempo e ver como as
coisas ficam.
Eu sabia que ele estava chateado, mas eu também estava. Como
eu iria reagir com uma noticia
dessas?
-Voce tem certeza disso?
-O que a gente vai fazer se não isso, Isabella? Voce vai
ficar indo lá me visitar? Eu vou ter que vir aqui toda hora te visitar?
-É o que fazem as pessoas que se amam... tentam ficar junto a
todo custo. –Eu disse baixinho.
-A gente não anda bem e ainda me surgiu essa proposta de
emprego.. Vai ser o melhor pra gente.
-É.. –Levantei-me, passando a mão em Herus que veio me
cheirar, abanando o rabo. –Vou sentir sua falta, amiguinho.
Depois de me reerguer, olhei pra Alex por um minuto,
assentindo. Queria abraça-lo, beija-lo e dizer pra não me deixar, dizer que
daríamos um jeito nisso e que tudo ficaria bem, que não precisaríamos nos
separar, mas eu não podia porque eu sabia que não era verdade.
Eu não podia porque sabia que estávamos nos machucando, cada
vez mais.
-
Depois daquela segunda horrorosa, pedi pra Kira não ira a
aula e ficar em casa comigo, pra poder me ajudar.
Apesar de ter me despedido friamente de Alex, só com aqueles
olhares, eu não conseguia tira-lo de minha cabeça e tirar aquele sentimento
todo de dentro de mim. Ele vai embora e eu vou ficar aqui. Não há nada que eu
possa fazer.
-Por que você não conversa com ele, Isabella? –Kira me
perguntou, enquanto eu estava deitada no seu colo e chorando.
-Eu não posso. A gente não estava dando certo, Kira. Eu vou
insistir nisso pra que?
-Por que você gosta dele, sua idiota. –Bufou. –Olha, eu
nunca passei por isso que você ta passando e nem sei como é estar apaixonado
dessa forma, mas por favor, você precisa se controlar e por sua cabeça no
lugar, Isabella.
-Eu sei. –Choraminguei. –Mas tá doendo. –Falei, baixinho.
-Eu sei que tá, meu bem. Eu sei. –Ela suspirou, fazendo
carinho em minha cabeça. –Mas vamos fazer um chocolate quente e assistir uns
desenhos, vamos?
-Ta bem.
Concordando em sair da cama pela primeira vez no dia –às 12h
-, Kira me levou pra sala, enquanto ela fazia nossos chocolates na cozinha.
-Voce vai trabalhar hoje?
-
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