Encontrei Erik pra almoçar pouco depois que cheguei no escritório. Fui mais cedo pra lá para terminar de resolver umas
questões com meu chefe, que queria antes do almoço.
-ei. - nós cumprimentamos com um beijo demorado o rosto e nos sentamos em um cantinho isolado do restaurante.
Estava um dia bem frio, graças a tempestade que caiu no final de semana e à frente fria que chegou, ou seja, o restaurante
estava bem vazio. Ele era quase na esquina do meu escritório com a academia de treino de Erik, por isso era o local perfeito pra nos encontrar. Todo decorado com flores e de madeira. Eu adorava o cheiro daquele lugar.
- eita, parece que a gripe de Noah passou pra você, huh? - foi a primeira coisa que ele disse quando nos sentamos. Sério. A
primeira.
Franzi o cenho, me fazendo de idioma por um minuto.
- ele mandou mensagem final de semana cancelando nosso ensaio extra, dizendo que estava bem gripado. Sua voz está bem
fanha e o nariz vermelho... A não ser que andou chorando ?
- ah. - soltei uma arfada disfarçada de riso. - é. A gripe dele deve ter passado pra mim.
Erik riu, me olhando, por alguns segundos antes de pegar o cardápio e encará-lo por uns segundos.
- o que você vai beber?
- um chá gelado está ótimo. - respondi ele.
- você come carne?
- até demais. - sorri, olhando-o.
- o que acha da gente dividir esse bife, com essa salada. - me mostrou no menu. Parecia delicioso. Assenti, positivamente com a
cabeça fazendo ele rir.
Chamamos o garçom e enquanto ele saia, anotando nossos pedidos, perguntei:
- que dia posso aparecer na academia pra fazer um treino legal?
- hoje mesmo. Tenho um horário disponível as 18h - falou, colocando os cotovelos em cima da mesa e cruzando seus dedos.
- bom pra você?
- sim. Vou sair do escritório e ir pra lá.
- mas você tem roupa? - ele disse, apontando com a cabeça pra minha blusa social.
- tenho. - ri, olhando-o. - eu sempre saio com um look de treino na bolsa.
- você costuma fazer exercício todo dia?
- no mínimo 3 vezes na semana. Gosto muito. Meu trabalho me deixa estressada as vezes, meus país me deixavam estressada
todos os dias... Acabei adquirindo essa rotina mais saudável.
- por isso que você se mudou?!
- aham. - falei, enfatizando, bebendo meu chá gelado.
- e quais são seus planos pro futuro?
- me formar. Passar de estagiária a advogada do escritório. Ter grana pra sustentar um lugar só meu.
- maneiro - ele disse, me olhando. - morar sozinho é a melhor coisa do mundo. Lavo a louça quando eu quero, ninguém me
perturba.. É uma maravilha.
- e seus pais?
- são de Winsconsin. Eu os visito umas duas ou três vezes por mês. - ergui a sobrancelha.
- e desde quando você montou a banda com Noah?
- ah, a gente se conheceu no High school. Era uma banda sem muitas pretensões. Até começar,os a abrir os festivais do colégio de
ganhar certa notoriedade. Como não tínhamos emprego ainda, era legal tirar uma grana daquilo.
- muito legal! E hoje vocês continuam ainda.
- é. É bom porque é um laço forte que tenho com meu passado.
Que gosto muito. É como se fôssemos parte do meu passado que eu goste de manter ativa na minha vida.
Nossa comida chegou e comemos e conversamos por mais uma hora. Até eu me dar conta de que precisava voltar pro escritório.
Erik insistiu em pagar a conta e me levou até a porta do escritório.
- te encontro às 17h então, né? - ele disse, segurando em minha cintura.
- promete que vai levar leve? - ele tinha braços fortes e tatuados.
Se esse homem me jogasse no chão, ele me quebraria.
- você vai pedir pra eu pegar pesado.
Com aquele sorriso irresistível na mente, entrei no escritório toda arrepiada.
Trabalhei que nem uma condenada o dia todo. Respondi e-mail, fiz café, conversei com cliente novo... Fiz literalmente de tudo.
Por volta de 17:00 troquei de roupa, colocando uma roupa mais confortável para treinar e fui pra academia de Erik.
Deixei minhas coisas em um canto, e um outro professor começou às instruções: pediu pra que, enquanto Erik terminava de
atender uma aluna, eu fizesse um aquecimento. Alongamento, flexão, abdominal.
- já está assim? - Erik veio na minha direção, rindo de deboche porque eu parecia acabada, descansado entre um abdominal e
outro.
- você não me irrita. - eu disse, olhando pra ele.
- parece que o coelho te deu um perdido.
Demorei a entender, mas logo percebi que ele estava falando do filme.
- porque a Alice do filme ta sempre correndo atrás do coelho. Entendeu? - ele riu, esticando uma mão pra eu pegar e levantar.
- nossa tinha tanto tempo que eu não ouvia piadas com meu nome. - puxei-o, levantando-me.
- vamos logo, coelhinha. - rimos com meu novo apelido.- vou te dar luvas e vamos começar com uns chutes simples no saco, ok?! -
ele apontou com a cabeça pra o saco de espuma pendurado na parede.
- beleza.
Coloquei as luvas, Erik me posicionou e começamos o treino. A forma que ele, vez ou outra, segurava em minha cintura para
me endireitar e me ajudar, me deixava nervosa. Mas era uma boa sensação.
- isso, bora! Anda. - os incentivos dele, também, eram necessários quando eu já sentia minhas forças esgotadas.
Depois de uma hora e meia de treino, terminamos. Eu mal conseguia andar.
Lavei meu rosto no banheiro, arrumei meu cabelo e saímos juntos da academia, seu horário também havia terminado.
Erik tinha um bom senso de humor, eu gostava da forma que ele me fazia rir. Saímos, juntos, ainda conversando e ele me zoando.
Mas fez bastante elogios sobre minha forma física e força, também.
Ao chegar na porta do meu prédio, Erik deu um sorriso e partiu para cumprimentar um senhorzinho que estava saindo dali.
- Sr. thompson! Quanto tempo!
O velhinho, que estava de terno e bem vestido, sorriu, abraçando Erik.
- você não para de crescer, hein, rapaz?! E essa dai, é namorada, é?
Eu sorri, abaixando a cabeça.
- é a roommate do Noah, tio! Alice, esse é o pai de Noah.
-ah, é um prazer! - eu disse, cumprimentando ele. - deu pra suspeitar a semelhança.
- é. Ele é bonitão que nem o pai. Ne? - eu e Erik rimos, assentindo com a cabeça.- meu filho comentou que você cuidou
dele esse final de semana. Por causa da gripe. Obrigado. Qualquer dia eu venho com mais calma pra você cozinhar a famosa macarronada que você faz que ele tanto me fala.
- pode deixar. - eu disse, corando um pouco.
- até, garotos. Se cuidem. -disse o pai de Noah, sorrindo e se despedindo.
- até. Foi um prazer.
- até a próxima, Tio. Se cuida.
Depois que ele saiu, Erik segurou em minha cintura, dizendo:
- acho que estou ficando um pouco gripado, também.... - fingiu uma tosse.
- uma pena, porque achei que pudéssemos nos ver amanhã de novo. - disse eu, me virando pra entrar no prédio.
- não! Estou ótimo! Eu juro. - nós dois rimos. - até amanhã, Erik
- eu te mando mensagem. - piscou, mexendo no cabelo e indo
embora.
Quando cheguei em casa, Noah estava na cozinha.
- ei. - disse eu, chegando perto.
- ei. - ele disse, por cima do ombro.
- conheci seu pai. - falei, Abrindo a geladeira para pegar um pouco de água.
Ele sorriu, me olhando.
- foi?
- aham. Eu e Erik encontramos ele agora, na porta do prédio.
O sorriso logo foi embora.
- Erik? - ele pigarreou, franzindo a sobrancelha.
- treinei com ele hoje.
- vocês andam treinando bastante, huh? Acho que vou querer entrar nessa amizade saudável. - falou, chegando atrás de mim e colocando meu cabelo de um lado só, beijando minha nuca.
Amizade saudável?
Risos.
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