-Eu espero que isso não seja uma brincadeira, porque eu tava
dormin..-Kira entrou no quarto em que eu estava, dizendo.
Ela estava vermelha e parece que veio correndo, a pé, pro
hospital.
-Não é. Eu tô gravida, Kira. –Eu disse de novo aquelas
palavras pra ver se faziam sentido.
-Ah. Meu Deus. Meu Deus do céu. –Começou a andar de um lado
pro outro, na frente da cama que eu estava sentada. –O que a gente vai fazer?
-A gente?-Pela primeira vez naquela situação eu ri, achei
realmente engraçado o que ela disse.
-É óbvio, né, Isabella. Você não tá sozinha nessa.
Meus olhos encheram d’agua.
-Vem cá, vem. –Fiz sinal pra ela vir na minha direção e me
abraçar.
Kira me abraçou e ficamos um bom tempo juntas, dividindo o
medo e a apreensão que sentíamos naquele momento.
-Ele sabe?
-Não. E nem vai saber. –Kira arregalou os olhos na hora que
eu o disse. –Eu não quero que ele queira voltar comigo só por causa desse bebe.
-E você quer voltar com ele?
Não respondi porque nem eu sabia isso naquela altura do
campeonato.
-Voce vai na médica quando?
-Estava esperando você chegar pra a gente marcar.. Eu
preciso ir o quão antes porque to anêmica e com pressão baixa. Preciso que ela
me passe as vitaminas e uma nova dieta, pra eu me alimentar bem.
Não podia perder esse bebê de novo. –Pensei comigo mesma.
Eu não perderia.
Apesar de ter vindo numa hora não muito boa, eu iria tomar
todo cuidado do mundo pra que ele nascesse bem e saudável e com uma mãe que já
o ama por dois. Literalmente.
Dei meus documentos no hospital no qual estávamos e saí com
Kira.
-Vamos pra onde agora?
-Pra casa. Vou ligar pra minha médica só segunda, hoje é
sábado, né?
-Quer que eu fique com você até segunda?
-Quero. Você pode? –Falei nervosa. Não queria ficar sozinha
agora.
-Posso, claro que posso.
Pegamos um táxi e voltamos pra casa rapidinho. Ao chegarmos,
tomei um banho e fui preparar um almoço pra nós duas.
Enquanto eu cozinhava, Kira perguntou da sala:
-Voce foi pro hospital sozinha?
-Eu estava voltando da minha caminhada quando desmaiei no
elevador. Por sorte, Alex estava lá e me socorreu.
-Jesus. E ele sabe?
-Sim! A porra do médico disse pra mim que eu estava grávida
como se tivesse dizendo que eu vou ter que tomar dois remedinhos pra pressão
baixa. –Kira riu. –Jesus!
-Voce não esperava, né?
-Óbvio que não! E to de 2 meses, Kira. Dois meses!
-E você não engordou nada.. louco isso, né?
-NÉ? –Eu falei, irritada.
-O que você disse pra Alex?
-Que o filho não era dele.
-Jesus, Isabella. Você vai esconder dele pra sempre? –Ela
chegou na cozinha, me perguntando.
-Não.. né? Eu nunca faria isso.
-Entao você mentiu pra ele e depois vai desmentir, como se
nada tivesse acontecendo?
-Kira, por favor, eu não sei. –Olhei pra ela quase chorando.
–Eu não sei. Deixa só eu pensar um pouco e não fala nada pra ninguém, ta?
-Claro que não. Seu corpo, suas decisões. Vou te apoiar em
qualquer coisa, Isa. Não se preocupe.
-Obrigada, Kira. Obrigada. –Abracei-a de novo.
Fiz uma salada e uma carne cozida com um suco de maracujá
pra aumentar minha imunidade. Agora era sério: eu não respondia mais só por mim
mesma. E apesar do quão difícil será criar essa criança, eu não vou tira-la de
mim, não vou fazer um aborto. Na ultima vez eu não estava preparada, mas foi um
choque e um trauma gigante ter sofrido e passado por aquilo tudo. Não quero que
aconteça de
novo.
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