-Ah, cala boca, Gabriela. –Rimos –Enfim. Minha mãe vinha me visitar de
vez em quando, mas depois que eu cresci, ela ficou bem mais presente..
-Por que?
-Meu pai teve um tumor no cérebro e foi ficando cada vez mais
debilitado. Faleceu tem uns 3 anos. –Eu disse logo, com um nó na garganta.
Eu nunca me abria com ninguém, não fora atoa que o tempo todo, Gabriela
só falava dela.
-Céus. Eu sinto muito, Noah..
-Tudo bem. Meu ultimo contato com ele foi quando ele estava no hospital.
–Comecei a sorrir, fitando o nada e lembrando daquele dia, como se eu tivesse
revivendo aquele momento –ele sorriu pra mim, e disse ´´cuide bem das nossas
garotas. Você um dia vai achar a minha nora. Eu posso não estar mais aqui, mas
você vai saber quem é ela.´´ E me entregou a aliança de casamento dele.
-Nossas garotas. –Nós rimos um pouco. –Caramba! Ele foi um pai e tanto..
-Com certeza. Ele me ensinou muita coisa que eu sei e sou hoje.
-Valeu, tio Puckerman. –Gabriela disse, olhando pra cima e caímos na
gargalhada de novo.
-Enfim. Eu já disse tudo que você precisava saber, satisfeita? –Ela
assentiu, sorrindo sem graça. –Eu não curto falar muito de mim, Gabi. Eu nunca
falo de mim pra ninguém.
-Você nunca teve alguém pra desabafar e tudo mais?
-Eu tinha um velho companheiro do colégio e comecinho da faculdade,
John. Ele era bacana. Nós conversávamos sobre tudo, já com a convivência desde
garotos, você sabe –ela assentiu, prestando atenção –Mas aí.. Teve uma época
meio conturbada.. Ele entrou pra um mundo erradão, e conheceu
uma garota. Ah..
Ela acabou com ele. Ele morreu de overdose.
-Por isso você sente tanta raiva das garotas?
-Não é raiva, sabe? Eu só não costumo me apegar. Eu trato bem, eu gosto.
Mas eu não demonstro sentimentos, nem nada. Porque, a ultima vez que me permiti
fazer isso, só ficou batendo essa história dele em minha mente..Uma garota
levou meu melhor amigo, cara. Uma garota.
-Nem todas são iguais..
-Ah, são. Pode apostar, que são. As mesmas neuras, os mesmos stress, ciúmes
e essas coisas. Você é novinha ainda, ainda tem muito o que aprender e
entender.
-Bom, vamos pra fila logo, certo? –Ela do nada falou, abrindo a barraca
e saindo. –Se quiser, pode ir pra casa descansar enquanto eu fico aqui.
-To bem. Já tomei banho, está tudo arrumado aqui.. Eu aguento.
-Ótimo.
Fomos pra fila, tiramos nosso ingresso, e já entramos no local onde
ocorreria o show. Já tinha um bocado de pessoas lá dentro, aguardando.
-Vou pegar um pouco d’agua. Quer?
-Não, não. Obrigado.
Gabriela se afastou e eu fiquei de pé, apenas olhando o palco, as
estruturas ao lado e essas coisas.
-Noah?!
Ouvi uma voz familiar me gritar atrás de mim, e assim que me virei, não
acreditei.
Era Sasha Bailey, a garota que estudou o fundamental e médio inteiro
comigo. Ela era (e pelo visto ainda é) maior gata! Estava extremamente gostosa.
Morena, alta, e mulher do jeito que eu gostava. Pois é, desde os 14, eu tinha
bom gosto. Já que foi com ela que perdi a virgindade. É, passado, passado..
-Sasha?
-Noah! –Ela correu pra perto de mim, me dando um forte abraço.
-Quanto tempo, ein! –Afaguei suas costas e logo depois nos afastamos,
ainda com grandes sorrisos no rosto.
-Caraca, muito mesmo! Como vão as coisas? Eu fiquei sabendo que você
tinha se mudado pra cá..
-É, vão bem! Veio pra cá somente pelo show?
-Sim, claro! Eu não perderia The Maine por nada nessa vida!
Éramos loucos pela banda desde pequenos. É, grande fato do qual nos
aproximou.
-Está certo! Acampou?
-Não, um amigo guardou lugar pra mim.. –Ela continuava dizendo, sorrindo
e sem tirar os olhos de mim. –Cara, foi muito bom te encontrar por aqui.
-Eu que o diga! Faz o que lá na Califórnia?
-Eu agora estou em Londres! –Ergui a sobrancelha –É! Faço moda lá,
agora.
E ela estava com um corpo escultural mesmo.
-Caramba! Magnífico..
-Está sozinho?
-
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